Artigo de Opinião
O problema do Facebook está entre o teclado e a cadeira
Há uns dias, um amigo meu escreveu no seu mural: "O ÚNICO PROBLEMA DO FACEBOOK É TER APARECIDO." Assim mesmo, com maiúsculas, para as pessoas saberem que o queixume era a sério. Esta tentativa de desabafo deixou-me a pensar. O Facebook é, para muita gente, uma espécie de droga – dá-lhes cabo da vida mas não conseguem deixá-la.
Em vários anos de utilização de redes sociais, tenho os meus casos de amizades que foram pelo cano devido a más interpretações, a comentários despropositados e à ingerência de terceiros. Sempre que nos expomos, ainda que minimamente, há espaço para dar asneira. Se isso acontece na vida palpável, no trabalho, com os vizinhos, no seio da família, como é que não vai acontecer numa rede social onde mostramos mais de nós que alguma vez foi possível no passado?
O caminho mais fácil é culpar a plataforma. O Facebook é uma praga, o Mark Zuckerberg é um sacana, as redes sociais são um instrumento dos governos imperialistas que querem impôr uma nova ordem mundial. Mas a experiência diz outra coisa: o problema está entre o teclado e a cadeira. Ou seja, nas pessoas. Nos utilizadores. E quem costuma queixar-se mais é quem se dá mal várias vezes e parece que não aprende – porque, tal como noutras situações da sua vida, não crê que a culpa seja sua. É dos outros.
No mesmo dia em que vi esse estado do meu amigo, uma pessoa pediu-me ajuda porque aceitou o pedido de amizade de uma colega de trabalho mas ficou em pânico e queria saber como bloqueá-la. Aí está outra ironia da era Facebook: somos compelidos a aceitar as pessoas "para não parecer mal", mas depois não queremos que tenham acesso à nossa conta. Um pouco como oferecer algo na negativa: "não queres um bocado deste bolo, pois não?"
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http://www.dinheirovivo.pt/Buzz/Artigo/CIECO178426.html?page=1
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